As eleições na minha freguesia costumavam ser definidas por quem oferecesse mais febras, vinho e brindes de plástico inúteis. Costumavam igualmente definir o vencedor através das eternas promessas pessoais, comprando votos individualmente em vez de o fazer de uma forma geral pelas políticas globais.
Assim, se o presidente prometesse uma estrada nova ou uma carrinha Mercedes para que a malta pudesse ir fazer uns piqueniques a Fátima e Santiago com muita pinta, votava o povo em massa no individuo. Isso nem que o candidato fizesse parte do Partido Nacional Republicano, Hitleriano ou pretendesse repor o Feudalismo Medieval.

A Democracia não funciona devidamente porque, simplesmente, as pessoas não tem capacidade para votar conscientemente. Na minha opinião, o cartão de eleitor só deveria ser entregue a quem provasse, em teste escrito, ter capacidade de voltar sabendo o que estava a fazer.

Ora bem, o que Mário Figueiredo fez para chegar à presidência da Liga foi usar uma destas artimanhas de baixo nível e que tanto dano causa à democracia. Ao prometer um alargamento despropositado da Liga, ganhou imediatamente o apoio da maioria dos clubes pequenos que, estes, passam a vida a sonhar em vez de tentar usar o voto para escolher candidatos que realmente queiram melhorar a situação da Liga.
Incrivelmente, pior do que abusar da cabecinha fraca destes presidentes de clubes secundários, o que mais me surpreendeu foi mesmo esta tentativa de aplicação de uma medida deste tipo EM PLENA TEMPORADA DESPORTIVA.
Escusado será dizer que mudar as leis de uma competição destas, na sua recta final e decisiva, é quase que uma tentativa de viciação "legalizada" dos resultados. Na verdade, as equipas que irão defrontar clubes do fundo da tabela, sem quaisquer ambições, terão a vida muito facilitada. Por outro lado, os clubes que cumpriram financeiramente, se esforçaram desportivamente, irão ter todas as razões para se sentirem defraudados.

Enfim, uma decisão dessas, caso seja posta em prática, será o maior escândalo do desporto nacional. Além disso, o facto de um presidente ganhar eleições com promessas dessas e as tentar aplicar da maneira que estamos a ver, ajudam a demonstrar porque é que a democracia não pode funcionar.
Fica no entanto uma menção ao FCPorto e Sporting que votaram contra (e aos outros que suponho serem os clubes maiores que não precisam de favores para se manterem na 1ª liga) mas, sobretudo, ao Nacional que impugnou esta decisão.
Aguardemos os próximos episódios.
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